A palavra, como elevada forma de expressar os pensamentos, tem a capacidade de tornar transparentes os sentimentos do ser humano e adotam a cor, o brilho e o sabor das emoções com as quais são proferidas.
Nos aparece encarnada na explosão da ira, celeste
nas preces, rosa no canto maternal. Brilhante quando elogia, opaca-se numa
calunia. Doce no afago, se azeda na crítica. Amorosa no abraço, sensual na
expressão, libidinosa na resposta, assume o papel de mensageiro das emoções.
Possui afiadas bordas que provocam profundas
feridas quando proferida de forma insensata, mas pode também, ser portadora do
bálsamo delicado que cicatriza os cortes.
A palavra é arma e redenção, é ofensa e
compreensão; é instrumento, objeto, recipiente e conteúdo. É poderosa. Marca,
deixa rastros. O Ser encarna-se através da palavra, da mesma forma que o Poder
e o Querer.
Sendo assim, tão valiosa e volúvel, todos os
cuidados possíveis devem ser tomados antes de usá-la. Vale muito mais uma
palavra silenciada na esperança de uma reconciliação, que uma torrente verbal
avassaladora despejada com ódio no calor de uma disputa.
Esta reflexão sobre o valor da palavra vem de
encontro com uma situação de extrema violência psicológica que tive
oportunidade de conhecer de forma direta.
O dirigente responsável pela condução de uma
instituição destinada à educação de crianças, pressionado pela necessidade de
apresentar resultados aos seus superiores, tem realizado reuniões individuais
com os professores, seus subordinados, nas quais, diretrizes destinadas a
promover alterações de ordem administrativa são apresentadas de forma
impositiva. O mérito da mudança não envolve o grau de competência dos
educadores, mas sua disposição a ficarem reféns de mudanças de jornadas e
horários estabelecidos de forma autocrática.
Críticas, questionamentos e insinuações, são
disparados a esmo, sem medir suas consequências na estrutura emocional dos receptores.
Não há diálogo, mas monólogo monocórdio, uniforme, inapelável.
Até aqui, podemos afirmar que não nos cabe julgar
se essas mudanças são adequadas ou não, pois cada gestor sabe, sem dúvida, onde
o sapato aperta.
A nossa preocupação coloca seu foco na forma e
estilo, com que são aplicadas suas palavras, usadas como mecanismo psicológico
de desvalorização dos interlocutores, utilizando expressões de baixo nível,
vulgares, as quais, ao serem colocadas nos questionamentos realizados, traduzem
de forma grosseira o seu verdadeiro objetivo que, ao agir desta forma, pretende
desqualificar seus colaboradores.
Uma instituição educacional é formada, na sua
totalidade, por educadores em tempo integral. Desde o mais alto dirigente, que
deve ser mestre, líder e modelo para seus professores e o corpo discente, até a
mais singelo colaborador, que recolhe os papeis do chão, e que tem por
obrigação ensinar às crianças a serem cuidadosas e educadas, evitando sujar os
ambientes de convivência.
O relacionamento interpessoal deve ser pautado, sem
exceções, pelo respeito à pessoa, aos seus sentimentos, e por sobre tudo aos
seus direitos como membro de uma comunidade formada com profissionais de
elevado nível e capacidade intelectual.
Em nenhuma hipótese, expressões vulgares devem ser
colocadas como justificativas para questionamentos hipotéticos, pois as
palavras erradas machucam, ofendem e depreciam, nas pessoas, seus valores
morais.
Não será a falta de ética na relação, que
facilitara a procura de uma solução compartilhada. A sinceridade, a compreensão
e sobre todas as coisas o respeito por àqueles que, diariamente dedicam seus
esforços para transformar em realidade os objetivos e metas traçadas, devem ser
vetores de direção para qualquer diálogo.
Como resultado desta atitude, pode-se verificar a
existência de um profundo estado de revolta e decepção da equipe. Uma sensação
de menos-valia toma conta do espírito, desmotivando e promovendo a desagregação
emocional, daqueles que, lutam e se esforçam em cumprir suas obrigações, muitas
vezes a custos inimagináveis.
A palavra bem aplicada e usada se transforma em
preciosa obra de arte, merecedora de admiração e respeito pelo ouvinte. Jamais
deverá ser utilizada como aríete, para abalar a estrutura emocional daquele que
está nos ouvindo.
Respeitar o ser humano, seus sentimentos, seus
direitos, suas emoções não é favor, mas obrigação iniludível de todos nós.
Você pode concordar ou não, porém essa é minha
opinião, aqui, somente entre nós.
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