segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A hipocrisia no discurso

Antes de falarmos sobre a hipocrisia no discurso, me permito relatar um acontecimento histórico que certamente marcou um verdadeiro ponto de inflexão no desenvolvimento da humanidade, a qual teve, na sua evolução, momentos nos quais paradigmas solidamente enraizados foram substituídos por outros radicalmente diferentes.

A teoria Geocêntrica, postulada pelo astrônomo grego Claudio Ptolomeu (100 – 168) no início da Era Cristã, foi conceitualmente defendida em seu livro intitulado “Almagesto”. Ptolomeu, como resultado da observação do movimento dos astros no céu, concluiu que a Terra está posicionada no centro do Sistema Solar, e consequentemente os demais astros orbitariam ao redor dela, fixados sobre esferas concêntricas que girariam com diferentes velocidades. O Geocentrismo foi intensamente defendido pela Igreja Católica, pois apresentava diversos aspectos de passagens bíblicas, sendo chamados de hereges, e muitas vezes queimados em fogueiras, aqueles que dela discordavam.

Quatorze séculos se passaram (1.400 anos!), até que essa teoria Geocêntrica fosse contestada pelo matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543), que propôs uma outra estrutura do Sistema Solar, o Heliocentrismo. Nesta nova, e revolucionária concepção, Copérnico postula que a Terra e os demais planetas se movem ao redor do Sol, sendo este, o verdadeiro centro do Sistema Solar. A sucessão de dias e noites é uma consequência do movimento de rotação da Terra sobre seu próprio eixo. Este modelo (denominado de sistema copernicano), não foi aceito pela Igreja Católica, que adotava a teoria do Geocentrismo, elaborada por Ptolomeu. A Igreja Católica incluiu o livro “Das Revoluções dos Corpos Celestes”, onde Copérnico descrevia sua teoria, no Índex – a lista dos livros proibidos por heresia. O dogmatismo da igreja era tão forte, que questionar a perfeição divina era realmente uma atitude extremamente perigosa, para integridade pessoal.

O astrônomo Galileo Galilei (1564-1642), através de suas observações, foi o primeiro cientista a comprovar, de forma objetiva, que o sistema heliocêntrico de Copérnico estava solidamente fundamentado. Não obstante, em 1633, sob ameaça de excomunhão e morte pela Santa Inquisição, teve que negar formalmente as suas descobertas permanecendo suas convicções inabaladas[1]. 150 anos após a morte de Copérnico, o físico e matemático Isaac Newton (1642-1727) desenvolveu uma base cientifica, baseada em princípios fundamentais da física, para a gravitação dos planetas ao redor do Sol. Foi a comprovação definitiva do heliocentrismo. Apesar de ser comprovada de forma conclusiva, a teoria elaborada por Copérnico só viria a ser aceita pelo Vaticano em 1835, quando o papa Gregório XVI admitiu, e corrigiu, o erro dos seus antecessores. 300 anos se passaram até que a obra “Das Revoluções dos Corpos Celestes” fora retirada da lista dos livros censurados pela Santa Sé.

Este exemplo, extraído da história, está sendo utilizado por mim, não como crítica à Igreja Católica, nem aos Papas. Isso não vem ao caso nem é minha intenção. O objetivo é mostrar que, assim como esta, milhares de outras diversas situações, permeiam a humanidade, contaminando o verdadeiro saber e distorcendo a realidade dos fatos, com discursos falsos e negacionistas, que passam a ser aceitos como verdades incontestáveis.

É o discurso hipócrita, aquele que é afetado por um sentimento louvável que não se tem, que estabelece uma falsa devoção a princípios etéreos, sem sustentação sólida. Construído sobre uma coletânea de ideias e expressões recheadas de imposturas, fingimentos, simulação e falsidades. Verdadeira demonstração de virtudes ou evidências, inexistentes ou antagonistas daquelas que realmente permeiam os sentimentos.

O discurso hipócrita não é casual na sua origem. Está fundamentado na intencionalidade da ação e tem como objetivo distorcer a verdade, enganar, confundir, criar uma realidade paralela, negar a evidência dos fatos, que são substituídos por falsas e distorcidas imagens e afirmações. Esse negacionismo cria suas raízes na fertilidade propiciada pela ignorância do sujeito. Assim se sustenta, e desenvolve seus tentáculos inoculando seu veneno, subtraindo a capacidade de pensar.

Os venenos existem desde os primórdios da existência, e com muita dor e sofrimento, as pessoas aprenderam a reconhece-los e evita-los. Não são perigosos quando usados com sabedoria e bom senso. São úteis e necessários para a própria sobrevivência do ser humano. Antídotos foram descobertos e são utilizados para neutralizar seus efeitos.

O discurso hipócrita, é um poderoso veneno que possui a capacidade de subjugar as pessoas, dominar suas ações e controlar seu pensamento. Traz, na sua essência uma imensa energia subliminal, que direciona, aglutina e comanda. É mutante, adaptativo, maleável. Não existe antídoto para ele.

Há duas opções para enfrenta-lo:

A primeira consiste em despreza-lo em favor da verdade, abrindo os olhos a realidade objetiva, rejeitando radicalmente suas propostas e afirmações, arrancar suas raízes e destruir seus frutos e sementes.

A segunda é aceita-lo, e penetrar de mãos dadas na tenebrosa caverna do obscurantismo, dentro da qual dificilmente encontraremos, o caminho de retorno, correndo o risco de permanecer na penumbra para sempre.

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.



[1] e pur si muove” é uma locução italiana que significa: “e, contudo, ela move-se!" Esta frase foi pronunciada por Galileu depois de haver sido obrigado pelo Santo Ofício a abjurar da pretendida heresia de que a Terra gira no espaço sobre ele mesma, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008 - 2020  https://dicionario.priberam.org/e%20pur%20si%20muove [consultado em 24-12-2020].

 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

As fantasias e a realidade

As fantasias permeiam nossas vidas, habitam em nós e determinam nossas atitudes. Não podemos nos isolar delas. São omnipresentes. Não é possível separar o mundo das fantasias do mundo concreto, objetivo. Interferem e deformam nossa percepção da realidade, numa continua e incessante procura de oferecer satisfação imediata aos nossos desejos. Parasitam e dividem nosso eu, se alimentam de nossas angustias.

Como isso é possível? Para que servem as fantasias? Como é possível que nos dominem em tal grau e intensidade? O que são essas tão poderosas e dominantes fantasias?

 

“Uma fantasia é a encenação, no psiquismo, da satisfação de um desejo imperioso que não pode ser saciado na realidade. Observemos, porém, que a fantasia pode, ao contrário, desempenhar o papel de estimulador do desejo, reavivá-lo e aumentar seu ardor. (Nasio, Juan-David, 2007, p.10)”.   

 

As fantasias influenciam continuamente nosso comportamento, sem percebermos que por elas estamos sendo controlados. Tingimos os cabelos para ocultar os fios brancos a pesar deles permanecerem brancos na sua essência. Utilizamos cremes para eliminar rugas na pele, adquirimos roupas modernas e juvenis, fazemos cirurgias plásticas, implantamos bolsas de silicone, fazemos lipos e modelagens procurando um rejuvenescimento impossível. Adquirimos aparelhos eletrônicos “Top Class”, com infinitos recursos que nunca utilizamos, para poder mostrar que estamos antenados no que há de mais moderno e que estamos surfando na onda mais atual. Utilizamos uma gravata “listrada” porque nos dá um ar mais descontraído e juvenil, adquirimos um carro esportivo e poderoso para impactar o nosso grupo social, enfim, construímos um “eu” paralelo, imaginário, fruto dos devaneios e comandos emanados de nossas fantasias. Não aceitamos o passar do tempo. Não reconhecemos a vida como ela é.

Não nos aceitamos como realmente somos. Não sentimos orgulho de “ser”. Somos impelidos pelas nossas fantasias a “parecer”, a sermos eternamente jovens, bonitos, fortes e poderosos, superiores.

Neste ponto, me permito relatar uma situação que marcou minha vida:

 

Um cabelereiro, que me atendeu durante mais de 20 anos, me perguntou:

- Seu cabelo é totalmente branco, porque não utiliza o produto “X” como xampu, vai escurecer o cabelo progressivamente e lhe dar um aspecto juvenil?

Minha resposta foi imediata:

- Deixe meu cabelo naturalmente branco, como ele é. Demorou 60 anos para ficar assim. Me permita respeita-lo na sua idade.

 

Não estou questionando a elegância, o perfume, o cosmético ou a forma de vestir. Pelo contrário, sou totalmente a favor de cuidar de nossa aparência, de nosso modo de vida, da alegria de viver. De ficar “bonitos” para nós e para àqueles que amamos.

Meu questionamento centra-se na perda total da identidade, como fruto do domínio absoluto de nossas vidas, pelas fantasias.

As marcas do tempo, devem servir como sinais de maturidade, experiencia e sabedoria. Somos o que somos, jamais o que parecemos.

As fantasias devem, sim, ocupar um espaço em nossas vidas, pois alimentam os sonhos e estimulam nossas caminhadas. Podem compartilhar nosso mundo. São benvindas.

O que não podemos é viver no mundo da fantasia. Jamais devem nos dominar e controlar nossos pensamentos, sob o risco de sermos transformados em marionetes, sem vida própria.

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

 

Bibliografia:

 

NASIO, Juan-David. A fantasia. O prazer de ler Lacan. [Tradução, André Telles e Vera Ribeiro] – Rio de Janeiro, Zahar,2007,

domingo, 29 de novembro de 2020

Via "di porre" e via "di levare"

 Todos nós, como seres humanos, desde a concepção até o último alento, passamos por um processo contínuo de adequação e mudanças, sejam elas orgânicas, psíquicas ou sociais. Vivemos numa permanente construção e aperfeiçoamento do ser, com um objetivo primordial: sobreviver o quanto e o melhor que for possível.

Sigmund Freud, no seu trabalho “Sobre a psicoterapia” (1905)[1] faz referência a duas expressões utilizadas por Leonardo da Vinci, ao referir-se às belas artes: “A pintura opera por via di porre, pois aplica uma substância, a tinta (formada por partículas de cor) onde nada existia antes, na tela incolor. A escultura, contudo, processa-se por via de levare, visto que retira do bloco de pedra tudo o que oculta a superfície da estatua nele contida.”

Pedindo licença e desculpas a estas duas imensas personalidades da humanidade, utilizarei essas expressões para falar sobre a construção e aperfeiçoamento do ser humano, mencionada anteriormente.

De forma análoga a uma pintura de alta complexidade artística, o homem desenvolve sua estrutura bio-psico-social por via de porre através do agregado de sucessivas camadas de conhecimentos, experiências e relacionamentos que, a cada instante, são incorporadas como resultante do processo de aprendizado contínuo ao qual estamos permanentemente submetidos. Tintas e cores aplicados ao longo da vida por múltiplos e diferentes artistas: pais, mestres, parentes, amigos, esposos, filhos, netos, enfim, todos e cada um daqueles que em algum momento interagem ou se cruzam em nosso caminho.

Essa obra fica, a cada dia, mais perto do seu acabamento final, que coincide com o momento de nossa despedida.

Porém, como seres humanos, jamais estaremos completos, se a estrutura bio-psico-social já mencionada, não for cinzelada cuidadosamente por via de levare. Devemos arrancar, camada após camada, e modelar, a pedra que nos sufoca, que nos aprisiona dentro de um bloco rígido, que nos paralisa. Martelo e cinzel devem retirar de nossa alma o ódio. Quebrar o bloco do rancor. Somos imobilizados pelo medo, e dele devemos nos livrar. O amargo nos envenena. O silêncio nos afasta. São camadas e mais camadas que conformam a pedra no seu estado mais bruto. Não há, nela, brilho, suavidade, forma. Tudo é áspero e agudo.

Somente depois de retiradas essas camadas grosseiras, poderemos descobrir a figura suave, brilhante e formosa, escondida no bloco sólido de nossa alma.

O ser humano deve ser ininterruptamente construído, passo a passo, por via de porre e por via de levare. Utilizando a suavidade do pincel que colore e dá vida a nosso ser, e a força do cinzel e martelo, que retira de nós a rigidez da pedra que sufoca nossos sentimentos e nossa alma.

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.



[1] Freud, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud; edição standard brasileira. Volume VII. Apêndice: Sobre a Psicoterapia. (p. 247). Rio de Janeiro. Imago, 1996.

sábado, 21 de novembro de 2020

Pessoas tóxicas: O amigo derrotista

Quando jovens, eram dois amigos inseparáveis. Projetos, sonhos e aventuras faziam parte do dia-a-dia de ambos. Tudo era possível. Não havia barreiras intransponíveis. As metas eram ambiciosas, os caminhos retos e lisos. Mas a realidade cobrou seu preço. As coisas não saíram como esperado. Muitas esperanças se diluíram, perderam a cor do sucesso e alguns prejuízos chegaram a reduzir a capacidade de crescer. Os caminhos divergiram e tomaram rumos diferentes. A pesar de tudo, seus sonhos permanecem vivos, existem, no seu âmago, objetivos a espera de serem alcançados. Sua vontade de lutar, crescer e ser bem sucedido continuam lhe impulsionando e alimentando essa chama acessa dentro do seu coração.

Não podemos dizer a mesma coisa do seu amigo. Hoje, não mais está do seu lado. Ele jogou a toalha. Os sonhos, são agora, para ele, pesadelos. Sua visão é turva, cinzenta, sem brilho. Só consegue enxergar dificuldades, barreiras, pedras no caminho. Nada pode dar certo para ele. É uma pessoa amargurada, que só consegue ver as dificuldades em àquilo que pode ser feito. Transmite insegurança nas suas palavras, semeia dúvidas. Transformou-se numa pessoa tóxica. Que contamina os sonhos, que envenena nossa alegria de viver, de lutar. Ele pode, até lhe convencer de que o risco a correr não vale a pena, que é melhor desistir agora, para não se arrepender depois.    

Não estamos falando de alguém que, com bom senso, nos alerta de eventuais perigos. Essa pessoa sempre é bem-vinda. Estamos falando daquele que se dizendo nosso amigo, nos bloqueia, nos inunda de sentimentos derrotistas, negativos, que rouba nossa energia, que permanece na zona de conforto e nos arrasta para a inação.

É necessário afastar essa amizade tóxica da sua vida. Não permita que esse negativismo permeie seu pensamento. Não compartilhe seus sonhos com ele, pois correrá o risco de vê-los transformados em cinzas, que, junto com sua alegria e esperança se perderão no horizonte nebuloso do fracasso. Continue sozinho, lutando, sonhando. O sucesso estará do seu lado. A vida nos cobra seu preço. Para ter sucesso, é necessário pagar para ver.

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

Pessoas tóxicas: O amigo (ou parente) autorreferente

 Não é difícil encontrar em nossa relação de amizades ou de familiares, pessoas que, ao relatarmos um determinado acontecimento, imediatamente passam a nos contar situações similares, supostamente vividas por eles. Ao descrevermos um acidente doméstico comum, (uma labareda provocada por um pingo de água numa frigideira), lembram um princípio de incêndio, acontecido na própria cozinha que, afortunadamente, foi debelado devido a rápida e valente intervenção de um familiar que arriscou tudo para conter o fogo. Se contamos sobre um determinado mal-estar sentido, imediatamente recebemos o relato de um outro mal-estar sentido por eles, com agravantes de consultas e tratamentos exclusivos e emergenciais realizados, e assim por diante.

São pessoas autorreferentes, portadoras de uma personalidade narcisista heliocêntrica. Puxam os acontecimentos para si, da mesma forma que o Sol atrai os planetas gravitacionalmente, obrigando-os a girar no seu entorno. Demonstram interesse pelo nosso relato, não por empatia ou solidariedade, mas para fundamentar e justificar o evento similar (ou frequentemente maior) acontecido com eles. Podemos identificar um padrão de grandiosidade invasiva nas suas atitudes, uma necessidade explícita de admiração e reconhecimento. Frequentemente, os acontecimentos por eles relatados são revestidos de fantasias, situações irreais que potencializam os efeitos. Apresentam uma verdadeira sensibilidade exacerbada pela necessidade de reconhecimento, pelo outro, da autoria dos fatos. Sentem-se protagonistas permanentes, nunca espectadores atentos e solidários. Requerem nossa atenção, mostram-se autossuficientes, esperam tratamento especial, diferencial. São arrogantes e apresentam um comportamento autorreferente. As relações interpessoais são severamente comprometidas pela desconfiança resultante sobre a veracidade dos fatos relatados, da existência de uma necessidade explícita e permanente de admiração e pela falta de reconhecimento aos sentimentos e sensibilidade emocional das outras pessoas. Frequentemente a inveja se faz presente, acompanhada de uma necessidade de ser percebido como superior, embora não apresente evidências de realizações ou talentos especialmente destacáveis.

Esses amigos (ou parentes) são pessoas venenosas, provocam desconforto, mal-estar.

Acabam com o prazer de um relacionamento harmonioso e sincero, contaminando o ambiente com suas atitudes egocêntricas.

Nada agregam à nossa vida, a não ser desconfiança e receio de estar sendo enganados.

Por esse motivo, devemos evitar esse tipo de relação. Não haverá frutos saborosos resultantes dela. Somente desconforto e sabor azedo na boca.

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Ambição ou ganância?

 Refletindo sobre um evento acontecido dias atrás, envolvendo uma figura conhecida nacionalmente, que não interessa identificar, por motivos óbvios, lembrei de alguns comentários tecidos a respeito. Alguns deles, se referiam a essa pessoa como sendo ambiciosa. Outros, em câmbio, a qualificavam como gananciosa.

Frequentemente estas palavras são tomadas, de forma errônea, como sinônimos. Não são. Embora possam, em uma primeira interpretação, serem assim consideradas, ambas se referem a coisas muito diferentes.

Vamos começar pela palavra ambição. O dicionário Aurélio[1] a define como: Desejo veemente de alcançar aquilo que valoriza os bens materiais ou o amor-próprio (poder, glória, riqueza, posição social, etc.).

Já a palavra ganância, é definida no mesmo dicionário como: Ambição de ganho. Ambição desmedida.

Então, ambição e ganância significam, de acordo com o dicionário, a mesma coisa! Novamente não. A diferença essencial está nos objetivos, na qualidade e na intensidade das ações.

Ambição é uma palavra que deriva da expressão latina “ambire”, que quer dizer “mover-se com liberdade”. Uma pessoa com “ambire” está determinada a procurar seu destino com liberdade, estabelecer e seguir seus próprios caminhos, possuir uma vontade real e genuína de obter sucesso e alcançar seus objetivos, lutando com energia para tanto. A ambição leva essa pessoa a ser proativa, tomar a iniciativa nas suas ações, ser criativa, sonhadora. O ambicioso tem o desejo de mudar o mundo, tudo se apresenta possível para ele. Sabendo da existência de riscos, os assume corajosamente. Ser ambicioso não é ser egoísta ou egocêntrico. É possuir a capacidade de arriscar e enfrentar os obstáculos, embora correndo o risco de nem sempre se dar bem.

Já a ganância, tem uma relação direta com um forte sentimento de cobiça, de avidez, de avareza. Explicita um desejo de obter ganhos extremos, exorbitantes. Traduz um desejo de possuir mais, de receber mais, de atesourar tudo àquilo que for possível, e até mais.

A ganância é fortemente egoísta, fruto de um sentimento egocêntrico de ter mais que os outros, de insatisfação recorrente. Não basta ter muito, é necessário ter tudo, o que é de direito e àquilo que é dos outros.

Quem é ambicioso, quer sempre melhorar, possuir mais, ficar em evidência. Porém conhece e respeita os limites e os valores éticos e morais. Não abre mão da honestidade das ações para alcançar seus objetivos. Não falta com a palavra empenhada. Evita prejudicar os outros. Não fere pessoas ou animais, preserva seu habitat. Sabe, de forma clara e consciente que forma parte dele, e dele precisa para usufruir dos seus ganhos.

O ganancioso, pelo contrário passará por cima de todos e de tudo, para conseguir seus objetivos a qualquer custo, sem respeitar limites éticos ou morais.

As ações e atitudes diferenciam as pessoas ambiciosas das gananciosas. As vezes evidenciadas de forma clara, outras nem tanto. Não há problemas em sermos ambiciosos ao traçar nossos objetivos e metas. Desta forma obteremos ganhos sólidos e consistentes. Seremos sempre respeitados e elogiados, contrariamente àqueles que escolhem a ganância como meio de vida.

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

 



[1] 5ª. Edição do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. ©2010, Regis Ltda. (Versão eletrônica).

Os requisitos do cliente

 Contrariamente ao que frequentemente é propalado, as organizações não devem ser criadas para “deixar clientes satisfeitos”. Os clientes devem, naturalmente, ficar satisfeitos como consequência do atendimento aos seus requisitos, e quando possível, pela superação deles. Para conseguir esse objetivo devemos:

 a) Avaliar se nossa organização tem condições e está disponível para atender o pedido do cliente.

b) Verificar, sempre com antecedência, a existência dos requisitos especificados pelos clientes e tomar conhecimento detalhado deles. Devemos incluir sempre àqueles requisitos técnicos, de qualidade, para entrega e, eventualmente para atividades pós-entrega, tais como: tipo, tamanho, modelo, cor, quantidade, embalagem, prazos e locais de entrega, tipo de transporte e fretes. Devem ser considerados ainda os cuidados especiais no manuseio, armazenamento e montagem, os testes de instalação e funcionamento requeridos, o treinamento de usuários, regras de manutenção, suporte técnico e obtenção de peças de reposição assim como outros que se fizerem necessários.

c) Não se pode deixar de identificar claramente a eventual existência de requisitos não declarados pelo cliente, mas necessários para o uso adequado do produto adquirido, tais como: voltagem, tamanho para passagem por portas, peso para elevação, existência de facilidades de armazenamento temporário, e assim por diante.

d) Verificar a eventual existência de requisitos específicos tais como: Leis, portarias, normas, decretos, regulamentos, relacionados ao produto, ao processo de entrega, transporte e recebimento.

e) Verificar a possível existência de qualquer outro requisito adicional que eventualmente possa ter passado despercebido.

f) Em caso de eventuais dúvidas, os esclarecimentos a serem resolvidos de forma direta ou legal, devem ser solicitados com tempo hábil suficiente para serem resolvidos antes da data de entrega.

Todos os requisitos relacionados ao produto devem ser analisados de forma criteriosa antes de ser assumido qualquer compromisso de fornecimento (por exemplo, antes da apresentação de propostas ou da aceitação de pedidos ou   alterações) para, dessa forma, evitar paralisações, retardamentos ou possíveis falhas no atendimento.

Ao procedermos desta forma estaremos assegurando que haverá uma real capacidade da organização fornecedora para atender aos requisitos definidos pelo cliente.

Quando o cliente não nos fornece um documento onde os requisitos estejam definidos de forma específica, os mesmos devem ser confirmados junto ao cliente antes de serem aceitos. Quando estes forem alterados, é necessário que os documentos pertinentes sejam complementados e/ou modificados e que o pessoal envolvido seja alertado a tempo sobre essa alteração.

Satisfazer os requisitos do cliente, não significa acatar a eventual volubilidade dos seus desejos, mas atender aquilo que foi acordado, de forma a ganhar sua confiança, na certeza de que não haverá surpresas desagradáveis e inesperadas.

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

Promoções e atitudes

 Frequentemente, excelentes profissionais são preteridos ou desconsiderados ao surgirem oportunidades de promoção e crescimento dentro de uma organização à qual estão ligados. As causas desse tipo de atitude, geralmente adotada pela Alta Administração, nem sempre são explicadas claramente. Na realidade, muitas vezes nem existe uma verdadeira causa explícita, mas um conjunto de fatores que terminam prejudicando essas pessoas e impedem seu progresso.

Certos tipos de comportamentos ou posturas adotadas durante o relacionamento do dia-a-dia podem-se transformar em fatores decisivos na hora da escolha. Muitos deles podem parecer bobagens sem importância, e às vezes, realmente o são, mas ao se repetirem, com certa frequência, passam a transformar-se em fatores determinantes no intercurso de uma avaliação mais cuidadosa. Diversos pontos são analisados e levados em conta por gestores e pessoas responsáveis por indicações dentro das empresas. É de extrema importância prestar atenção a esses detalhes e parar por um instante para fazer uma reflexão e uma autoanálise.

Considerar-se injustiçado durante uma oportunidade de promoção, é um direito que as pessoas têm, mas será que existe algum fator que está sendo levado em consideração e que não está sendo percebido na sua real dimensão?

Avalie se os questionamentos a seguir, lhe alcançam de alguma forma:

-  Os horários de trabalho estabelecidos são respeitados por você, evitando ao máximo qualquer tipo de atraso?

-  Sua forma de vestir e sua aparência, em geral, estão de acordo com as normas estabelecidas pela organização?

-  Você fica utilizando as facilidades da organização tais como telefone, Internet, computador, carro e outros similares para benefício próprio?

-  Sua opinião diverge de sua ação?

-  Promete retorno aos clientes que não se concretiza?

-  Frente a uma situação de crise ou conflito, fica no muro sem adotar uma postura firme?

-  Fica saindo do seu posto de trabalho com frequência, para ir ao banheiro, fumar, lanchar, relaxar, e assim por diante?

-  Não perde uma fofoca no seu ambiente de trabalho?

-  Trata seus colegas de hierarquia inferior com desprezo ou rispidamente?

-  Quando lhe é solicitado um esforço adicional, apresenta uma boa desculpa para safar-se?

-  Quando comete um erro coloca sempre as causas nos outros?

Se reconhece nas situações acima algum tipo de deslize que talvez possa estar cometendo, procure mudar. Quiçá, na próxima vez, sua avaliação seja melhor, e a sonhada promoção seja uma realidade.

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

Relacionamento e convivência no trabalho

 Com frequência, aqueles profissionais que possuem as características próprias das pessoas predestinadas ao sucesso, são rotulados como arrogantes ou grosseiros por alguns gestores e até, pelos próprios colegas de trabalho. Embora existam pessoas que realmente mereçam vestir a carapuça, nem sempre isso é verdadeiro.

Essas pessoas, devido ao seu próprio desenvolvimento intelectual, não prestam atenção a pequenos detalhes de relacionamento, que terminam, no dia-a-dia, lhes prejudicando seriamente. Muitos deles, não percebem que algumas de suas atitudes provocam desconforto ou desagrado em outras pessoas, simplesmente porque essas atitudes são involuntárias, não mal intencionadas.

Um dos grandes desafios a serem vencidos, quando se procura o sucesso em uma carreira profissional, é o de conseguir que o relacionamento com os colegas de trabalho se desenvolva em harmonia e dentro de padrões de convivência regularmente aceitos por eles. Isso não significa ser “bonzinho” com todo mundo, ou aceitar as coisas erradas com um sorriso no rosto.

A verdadeira base de um relacionamento adequado, para obter uma convivência duradoura, está em cuidar de pequenos detalhes que colaboram para transformar esse convívio em uma coisa agradável e duradoura. Existem pessoas que conseguem se relacionar de forma harmoniosa com todos, mas para outras, essa relação é um pesadelo e cheio de grandes dificuldades, a serem superadas a cada instante.

Isso é um grave problema, pois a boa convivência é de fundamental importância para quem quer ser bem sucedido. Surge um questionamento importante:

É possível conviver bem com qualquer pessoa?

Nem sempre. Não obstante, se cuidarmos de alguns detalhes, essa tarefa pode ser infinitamente mais leve:

-  Não participe, nem seja fonte de fofocas relacionadas com as pessoas que formam parte do seu grupo de trabalho.

-  Saiba separar sua vida particular da profissional. Não conte seus segredos nem suas magoas particulares no ambiente de trabalho.

-  Não rotule nem julgue as pessoas, para evitar ser julgado e rotulado.

-  Esteja sempre disposto a ajudar as pessoas, não negando sua participação nem se omitindo.

-  Cumprimente as pessoas com carinho e respeito, sem por isso ultrapassar limites pessoais.

-  Não se preocupe com a vida alheia e cuide dos seus assuntos com o necessário sigilo e discrição, para evitar que os outros se preocupem com sua vida.

-  Sempre dê atenção às pessoas que lhe procuram, independentemente de serem agradáveis ou não, ou do cargo ou da hierarquia que possuem.

-  Viva sua vida, faça seu trabalho e deixe os outros viverem suas vidas e fazerem seus trabalhos.

-  Ajude as pessoas, sempre que lhe é solicitado.

-  Seja sempre um bom profissional, e não despreze aquelas pessoas que possuem menos conhecimento ou experiência que você.

É preciso ser muito cuidadoso e disciplinado para agir desta forma, porém certamente os resultados serão muito gratificantes e estarão colaborando para tornar seu ambiente de trabalho agradável e muito produtivo.

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

O poder da palavra

 A palavra, como elevada forma de expressar os pensamentos, tem a capacidade de tornar transparentes os sentimentos do ser humano e adotam a cor, o brilho e o sabor das emoções com as quais são proferidas.

Nos aparece encarnada na explosão da ira, celeste nas preces, rosa no canto maternal. Brilhante quando elogia, opaca-se numa calunia. Doce no afago, se azeda na crítica. Amorosa no abraço, sensual na expressão, libidinosa na resposta, assume o papel de mensageiro das emoções.

Possui afiadas bordas que provocam profundas feridas quando proferida de forma insensata, mas pode também, ser portadora do bálsamo delicado que cicatriza os cortes.

A palavra é arma e redenção, é ofensa e compreensão; é instrumento, objeto, recipiente e conteúdo. É poderosa. Marca, deixa rastros. O Ser encarna-se através da palavra, da mesma forma que o Poder e o Querer.

Sendo assim, tão valiosa e volúvel, todos os cuidados possíveis devem ser tomados antes de usá-la. Vale muito mais uma palavra silenciada na esperança de uma reconciliação, que uma torrente verbal avassaladora despejada com ódio no calor de uma disputa.

Esta reflexão sobre o valor da palavra vem de encontro com uma situação de extrema violência psicológica que tive oportunidade de conhecer de forma direta.

O dirigente responsável pela condução de uma instituição destinada à educação de crianças, pressionado pela necessidade de apresentar resultados aos seus superiores, tem realizado reuniões individuais com os professores, seus subordinados, nas quais, diretrizes destinadas a promover alterações de ordem administrativa são apresentadas de forma impositiva. O mérito da mudança não envolve o grau de competência dos educadores, mas sua disposição a ficarem reféns de mudanças de jornadas e horários estabelecidos de forma autocrática.

Críticas, questionamentos e insinuações, são disparados a esmo, sem medir suas consequências na estrutura emocional dos receptores. Não há diálogo, mas monólogo monocórdio, uniforme, inapelável. 

Até aqui, podemos afirmar que não nos cabe julgar se essas mudanças são adequadas ou não, pois cada gestor sabe, sem dúvida, onde o sapato aperta.

A nossa preocupação coloca seu foco na forma e estilo, com que são aplicadas suas palavras, usadas como mecanismo psicológico de desvalorização dos interlocutores, utilizando expressões de baixo nível, vulgares, as quais, ao serem colocadas nos questionamentos realizados, traduzem de forma grosseira o seu verdadeiro objetivo que, ao agir desta forma, pretende desqualificar seus colaboradores.

Uma instituição educacional é formada, na sua totalidade, por educadores em tempo integral. Desde o mais alto dirigente, que deve ser mestre, líder e modelo para seus professores e o corpo discente, até a mais singelo colaborador, que recolhe os papeis do chão, e que tem por obrigação ensinar às crianças a serem cuidadosas e educadas, evitando sujar os ambientes de convivência.

O relacionamento interpessoal deve ser pautado, sem exceções, pelo respeito à pessoa, aos seus sentimentos, e por sobre tudo aos seus direitos como membro de uma comunidade formada com profissionais de elevado nível e capacidade intelectual.

Em nenhuma hipótese, expressões vulgares devem ser colocadas como justificativas para questionamentos hipotéticos, pois as palavras erradas machucam, ofendem e depreciam, nas pessoas, seus valores morais.

Não será a falta de ética na relação, que facilitara a procura de uma solução compartilhada. A sinceridade, a compreensão e sobre todas as coisas o respeito por àqueles que, diariamente dedicam seus esforços para transformar em realidade os objetivos e metas traçadas, devem ser vetores de direção para qualquer diálogo.

Como resultado desta atitude, pode-se verificar a existência de um profundo estado de revolta e decepção da equipe. Uma sensação de menos-valia toma conta do espírito, desmotivando e promovendo a desagregação emocional, daqueles que, lutam e se esforçam em cumprir suas obrigações, muitas vezes a custos inimagináveis.

A palavra bem aplicada e usada se transforma em preciosa obra de arte, merecedora de admiração e respeito pelo ouvinte. Jamais deverá ser utilizada como aríete, para abalar a estrutura emocional daquele que está nos ouvindo.

Respeitar o ser humano, seus sentimentos, seus direitos, suas emoções não é favor, mas obrigação iniludível de todos nós.

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.

O valor do silêncio

Quando atuamos numa organização, seja no âmbito de uma consultoria, ou como membros dela, é de fundamental importância perceber claramente quando é oportuno falar, expressar uma opinião ou uma ideia, e quando é prudente manter silêncio. 

Por mais aconchegante, descontraído ou informal que seja o ambiente onde são desenvolvidas suas atividades profissionais, jamais deve ser considerado como um ambiente familiar. Falar aquilo que se pensa, nem sempre é a atitude mais recomendada, principalmente se esse pensamento pode correr o risco de ser interpretado ou usado de forma errônea por outras pessoas. 

Deve-se filtrar o pensamento, e liberar somente aquilo que realmente pode ser liberado. Existem informações que devem ser passadas adiante, e outras que devem ser mantidas em sigilo e classificadas como reservadas ou inoportunas, para evitar transtornos ou problemas eventuais. É necessário possuir certo grau de habilidade para ser bem sucedido e saber guardar opiniões e segredos profissionais de forma cuidadosa. Infelizmente esta qualidade nem todo mundo possui.

Uma pessoa que não consegue lidar com informações reservadas, se transforma, potencialmente, em uma fonte de conflitos e passa a ser visto como “não confiável” aos olhos da organização.

Nem todas as pessoas com as quais trabalhamos são tão amigáveis como aparentam ser. Às vezes, essas pessoas estão à espreita de caçar informações ou dados que, podem ser repassados com objetivos nem sempre construtivos.

Proceda sempre com tino profissional, saiba manter sigilo sobre as informações que possui, e mantenha seu foco nos seus objetivos, nas suas metas, nas suas atividades. Não cometa o erro de falar demais, ou opinar sem ser consultado. Pode ser muito comprometedor para seu desenvolvimento na organização.

 

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.


sábado, 14 de novembro de 2020

O poder dos outros

A semântica é muito interessante. Nos permite conhecer o “significado das palavras”. Procurei, curioso, o significado das palavras “outro” e “outros”.

Vejamos o que nos diz o Dicionário Aurélio[1], pinçando, apenas, os resultados que nos interessam:

Outro: O resto, o restante. (Expressão utilizada em geral, com referência a afirmações anônimas, ou proverbiais, ou cuja autoria não se deseja assumir). Desde o ponto de vista filosófico, ser “o outro” é possuir um atributo relativo a todos e cada um dos entes que não são “ele” próprio.

Outros: Qualquer ou quaisquer pessoas(s) indeterminada(s);

Ao referirmos ao outro ou aos outros, na realidade estamos querendo nos referir a todos aqueles que não somos “nós”. Não falamos de alguém em particular, com nome e endereço, mas de todos os seres humanos diferentes do “eu”. Falamos do ser genérico, àquele que é, que vive, que faz e participa, que compartilham e usufrui espaços e ambientes, que podem ser comuns ou não com os “meus espaços e ambientes”, porém que não são “eu”.

É o outro que suja, que rouba, que bebe, que maltrata. Que quebra as coisas e destrói a natureza. Que arranca as flores e joga lixo no chão. Que leva seus animais de estimação para sujar a grama, que joga papeis e bitucas de cigarros no chão, que suja o elevador. É o outro que é morto, simplesmente por ter uma religião diferente da nossa, ou a cor da pele mais escura. Que é segregado, maltratado e assassinado por amar de forma diversa à nossa. São os outros que, possuidores de uma força incomensurável são capazes de provocar todas as mazelas que um ser humano pode provocar, que nos aborrecem, nos provocam desgosto. Que possuem todos os defeitos morais imagináveis, que mancham nossa reputação, nos ofendendo e mentindo sobre “nós”.

Que força poderosa possuem os outros! Que capacidade destrutiva tem nas suas mãos! De que forma covarde nos agridem e ofendem, a cada instante! De que forma ladina e mal-intencionada nos roubam, arrebatam nossos sonhos, destroem nossas esperanças! É impossível ser feliz, viver em paz, construir nosso futuro, por culpa dos outros que interferem em nossos sonhos, derrubando as paredes que construímos com tanto esforço! Vivemos num verdadeiro inferno por culpa dos outros.

Somente há uma coisa que não podemos esquecer: Para os outros, o outro somos nós! 

 

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.



[1] Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 7.0 - © 5ª. Edição do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.