terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Alquimia 5G– Uma prática cotidiana

Alquimia é uma prática baseada no misticismo, que teve seu auge durante a Idade Média (século V até século XV) e se estendeu até grande parte da Idade Moderna (século XV até século XVIII, que finda com a Revolução Francesa de 1789), incorporando nas suas técnicas os conhecimentos relativos às ciências, artes e magia existentes nessas épocas. Entre seus principais objetivos se encontravam a obtenção do elixir da vida, que garantiria a imortalidade e cura das doenças do corpo, e a busca da pedra filosofal, que permitiria a transmutação de metais comuns como chumbo e estanho em ouro. Podemos inferir que esses objetivos proporcionariam ao ser humano alcançar a imortalidade e a riqueza infinita.

Na Idade Contemporânea, a ciência e as modernas tecnologias, tem promovido de forma intensa o aparecimento de novos alquimistas da razão e do saber, poderosos magos da comunicação que, utilizando-se do poder, alcance e penetração incomensuráveis dos seus equipamentos, os utilizam como uma nova pedra filosofal, cuja mais importante propriedade consiste em transformar a realidade concreta e objetiva, regida pela verdade, em espaços virtuais paralelos onde essa realidade pode ser manipulada, distorcida a vontade, e substituída por esquemas pré-determinados, moldados a formas e interesses nem sempre em sintonia com essa realidade concreta.

Esses modernos alquimistas não improvisam nas suas práticas. Possuem técnicas altamente desenvolvidas e comprovadamente eficazes, testadas e aprimoradas, dia após dia. São mestres da comunicação, doutores em dialética. São metódicos e profissionais. Nada fica ao azar. Àquilo que pode parecer absurdo para algumas mentes mais esclarecidas, passa a ser assimilado como verdade por milhares de outras mentes, assimilado e compartilhado, acreditado e defendido, a ponto de provocar mudanças comportamentais e atitudes desafiadoras, conflitivas e agressivas, que resultam em negação da realidade, segregação e conflitos entre pessoas, famílias, grupos e comunidades.

A nova pedra filosofal – sua estrutura

1)    O moderno alquimista da informação começa com a escolha de um assunto simples, único, concreto e relevante, de elevada importância para a comunidade. Este assunto passa a ser tema focal, objeto concentrador do pensamento. É definido como o inimigo a ser derrotado.

2)    A seguir procura demonstrar como e de que forma este assunto, impacta na comunidade. Compara um “antes dele” perfeito e harmônico com um presente e futuro sombrio e contaminado por esse assunto.

3)    Realiza a transposição de diversos outros males e prejuízos para o assunto escolhido. O tal do assunto passa a ser responsável por todas as mazelas e dores presentes.

4)    Incrementa sua importância. Exagera seu verdadeiro potencial promovendo sua transformação em fonte de diversos problemas e desgraças.

5)    Transforma seus efeitos em coisas torpes, de índole maléfica. O assunto passa a ser origem do mal.

6)    São divulgadas “noticias” e declarações de “fontes confiáveis” e de indivíduos “reconhecidos” confirmando o assunto e seus maléficos efeitos.

7)    A comunicação se transforma em um verdadeiro bombardeio de novas notícias e “novidades” sobre o mesmo assunto. Replica-se a informação de forma exaustiva. Multiplica-se por mil vezes mil.

8)    Promovem-se novas interpretações de especialistas, de “experts”, sempre direcionadas a ratificar o dano provocado pelo assunto escolhido.

9)    Tudo àquilo que não estiver de acordo com a força maléfica desse assunto, é escondido, ignorado, dissimulado, desmentido.

10)Procura-se, no passado situações onde o assunto possa ser aplicado, e utilizam-se estas situações para potencializa-lo.

11)Procura-se formar comunidades com pensamento convergente, com interesses comuns, para que esse assunto seja difundido, introjetado em outras comunidades, de forma exaustiva, até ser aceito como nova verdade.

O objetivo da transmutação, finalmente é alcançado. O moderno alquimista consegue transformar chumbo e estanho em reluzente ouro, admirado e cobiçado por todos àqueles que tiveram seu pensamento modificado pela magia da comunicação alquímica.

A mentira se sobrepõe a realidade, ao verosímil. Transmuta-se em nova verdade, a qual é replicada, triplicada, multiplicada. Invade e parasita nossas mentes até que, sugando a seiva que alimenta a razão e a evidência, termina por fincar suas raízes muito profundamente, no mais íntimo de nossos corações e mentes. Passamos a ser escravos da mentira. Somos parasitados por ela.

Para nossa esperança, existe um antidoto para este poderoso e corrosivo veneno. O respeito à verdade, o desprezo pela ignomínia. A rejeição sumária das práticas alquímicas transformadoras da verdade. Isso depende somente de uma atitude proativa de nossa parte: procurar e respeitar permanentemente a verdade, rejeitando qualquer proposta utópica de transformações alquímicas da realidade.  

Você pode concordar ou não, porém essa é minha opinião, aqui, somente entre nós.